quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Fim e começo - O PARTO!

16/10/2010 - Sábado, Fui para casa da minha mãe, enquanto meu marido ficou em casa com alguns amigos (Todos os horários já estão atualizados com o horário de verão, que mudou na madrugada de sábado para domingo)
17:30 - Primeira contração. Senti que era realmente uma contração pq era diferente das cólicas que já tinha sentido no pé da barriga, veio uma dorzinha estranha nas costas e depois a cólica. Foi rápido e leve, mas bem perceptível. Estava deitada na cama da minha irmã, na casa da minha mãe. Avisei minha mãe que era uma dorzinha diferente, ela perguntou se eu queria ir ao hospital, e expliquei pra ela que se fosse trabalho de parto ainda iria demorar bastante, e que ela não tinha com o que se preocupar. E como combinado fomos visitar a minha avó.
Eu estava bem cansada aquele dia, era um cansaço diferente, um peso no corpo e uma leve dificuldade para respirar, como se eu tivesse que fazer esforço para respirar. Minha cabeça estava a mil, já comecei a pensar que estava chegando a hora de conhecer minha filha, mas não ficava falando nada para não assustar a minha mãe. A ansiedade começou a pegar, e comi na casa da minha avó (adoro a comida da minha tia Célia que mora com ela).
19:00 - Segunda contração, perguntei para minha prima Suélen (que tem uma filha de um ano e meio) se era assim mesmo, e como foi a evolução dela, fiquei mais tranqüila e quase sem dúvida que estava chegando a hora.
Fomos para a casa de outra prima, Camila, conversei com ela, vi sua bebê de pouco mais de um ano, e ela me contou sobre seus partos, 3 normais hospitalares. Nunca tive medo de ouvir relatos, nem dos cabeludos, na verdade é o que sempre me deu força e mais coragem, por já poder pensar no que fazer caso acontecesse comigo.
20:00 - Neste intervalo tive 3 contrações, minha mãe me levou pra casa, encontrei meu marido, disse o que estava sentindo, os colegas que estavam em casa foram embora, o padrinho da minha filha antes de ir embora ainda disse: “Acho que a Mi nasce até o meio-dia de domingo”, aí eles brincaram um pouco, sobre o horário do nascimento e eu fui para o meu quarto.
21:00 a dor começou a apertar, estava ficando um pouco mais forte, tinha que parar enquanto estava sentindo, até que ela fosse embora.
21:44 comecei a anotar num papel a freqüência da contração, e estava meio bagunçada, 21:51, 21:57, 22:02, 22:06, 22:13...
22:20 Resolvemos ligar para o GO, ele me disse para tomar Buscopan, e que eu saberia se realmente estava em trabalho de parto quando o remédio não fizesse mais efeito, mas não me levou muito a sério, falou que provavelmente minha filha nascesse na segunda-feira. Perguntei quando ir para o hospital, e ele disse que quando estivesse sentindo 3 contrações em 10 minutos.
Fiquei aguardando, as dores aumentando de intensidade e de freqüência.
Andei muito pela casa, comi bastante, fiz muito cocô, tai uma coisa que me incomodava, toda vez que pensava em parto me vinha na mente a vergonha de evacuar no meio de tudo, na frente das pessoas etc. morria de vergonha só de pensar, mas quando a eu estava sentindo contrações, sentia muita vontade de ir ao banheiro, fiz muuuito cocô, parece nojento, mas é engraçado, é como se você estivesse limpando o intestino, sei lá, acho que é pq o neném vai descendo e pressionando o intestino, por isso vc faz bastante.
Voltando ao assunto, já estava tarde e meu marido não sabia o que fazer, e eu não gosto de ninguém em cima de mim quando to com dor, então ele foi dormir. Fiquei perambulando pela casa, rolando na cama, fazendo todas as posições que a Prof Van ensinou no Gestação Ativa, e a melhor era a posição frango assado (hehehe, não sei o nome dela), mas alongava bastante a coluna e relaxava a barriga. Comi, mexi no computador, revi a bolsa da maternidade, já tinha tomado banho, arrumado meu cabelo (doce inocência, achar que o cabelo estaria lindo no parto e que eu estaria muito preocupada...), sentei no sofá, fiquei em pé, fui ao banheiro, comi umas 3 bananas - ansiedade a mil - e sempre anotando as contrações.
Detalhe, tomei o Buscopan  as 22:45 e não fez nem cócegas.
Lá pela meia-noite, estava sentido contrações de 8 em 8 minutos, Só que as vezes vinha uma ou outra de 9 e 6 min, e isso me deixava apreensiva, pois já li relatos de mulheres que estavam em falso trabalho de parto, e meu maior medo era de chegar no hospital e estar com 2 dedos de dilatação, eu iria ficar louca.
Por volta de 2:00 da manhã, fui pro chuveiro, lembrei da Vanessa me dizendo que a água quente ajudava na dor, e é a mais pura verdade, como a água relaxa, ainda mais de cócoras, fiquei horas, a dor vinha, passava, voltava... Eu ficava conversando com minha filha, para ela não ter medo, ficar tranqüila...
Lá pelas 4:30 eu comecei a chamar meu marido, pq minha perna tava doendo de ficar de cócoras, e eu queria me apoiar nele, só que ele tem o sono muito pesado, e eu fiquei com raiva, pois já estava estressada, e comecei a xingar (coisa feia de se dize né, mas é verdade), ele levantou assustado, falou para eu parar de gritar (moramos em prédio e da pra escutar tudo), aí vc imagina a louca, desci das tamancas, comecei a chorar, falei que gritaria o quanto quisesse pq tava parindo e tinha todo o direito, e olha que nem tava gritando de dor, tava gritando mesmo de cansaço, de nervosismo, de falta de paciência, sei lá... Depois pediu desculpa, tentou me ajudar, mas estava meio nervoso, pegou meu papel, ficou assustado pq minhas contrações estavam de 4 em 4 min, ligou pra minha mãe, eu não queria ainda, tava muito bom no chuveiro e tinha medo de me deixarem na maca no hospital, mas não teve jeito...
Minha mãe chegou acho que 5 e pouco, me olhou com uma cara de dó que partiu meu coração, e como ela não tem muita experiência em dirigir e iria me levar pro hospital, sem contar que tava vendo a filha com dor, coisa difícil para uma mãe (agora eu sei, rsrs), sequei minhas lágrimas e disse com um sorriso no rosto a mais pura verdade: “Mãezinha, eu estou com dor, mas não estou sofrendo, minha filha tá nascendo e estou feliz!” Ela concordou e ficou esperando eu me arrumar.
Saí do chuveiro depois de uma contração, corri pro quarto, esperei a outra contração, me troquei, esperei outra, abriram as portas de casa, desci as escadas, parei no térreo para sentir outra, entrei no carro e fomos para o hospital, e adivinha quem indicou o caminho? Eu!
Não me lembro de ter lido em lugar nenhum, mas o mais engraçados das contrações é que a gente só sente na hora, quando ela passa é como se vc não estivesse sentindo nada, não é como a dor de cólica menstrual, que a gente sente dor forte as vezes mas fica sempre dolorido, as contrações vêm fortes e do nada desaparecem, dá pra andar normal. Então, eu falava o caminho direitinho quando não estava com dor, e quando ela vinha meu marido ajudava minha mãe, e sempre anotando os horários das contrações. Errei o caminho por causa das dores (não conseguia falar quando estava sentindo), e sem querer entramos na Rua Augusta, imagine a Augusta na madrugada de sábado pra domingo... Lotada! Um trânsito absurdo, e a gente não conseguia sair, demoramos muito tempo, nem sei quanto , mas pra mim parecia uma eternidade. Depois que conseguimos chegar na Paulista, errei de novo a entrada e demos a maior volta, fomos parar lá pros lados de Santa Cruz, e eu querendo ir pra Liberdade... Voltamos o caminho, pedimos informação, e achamos o hospital, chegamos por volta de 6:30, meu marido foi levar a papelada, o hospital tava vazio, fiquei perambulando no corredor e nada de me chamarem. Fui no banheiro, voltei e ninguém falava nada e fui perguntar no guiche, aí a moça disse que já era para eu ter ido pra internação. Ninguém fala nada, como eu ia advinhar?
Meu marido me deixou na porta da internação, me deram o avental, tirei toda roupa, entregaram pro meu marido, fui pra maca, exame de toque: 6 dedos, ufa, menos mal. Fizeram o cardiotoco, a enfermeira ligou para o GO, ele não atendeu o celular, estava na caixa postal, começou a me dar medo, ligaram umas 3 vezes, deixaram recado e nada... Pedi para avisarem meu marido, para ele ir ligando também. Mas não podiam ficar esperando então chamaram a médica plantonista, e fiquei mais aliviada, ela era um amorzinho, confirmou o toque e pediu para me colocarem no soro, eu perguntei para a enfermeira se não podia ficar sem o soro, e ela me disse que era pq no cardiotoco mostrou que as contrações estavam desreguladas, era só para deixar elas mais certinhas. Tudo bem que eu sei que não era verdade, mas naquela altura, a decepção de não estar sendo acompanhada pelo meu obstetra, e ver que tudo que tinha planejado não seria feito, não tive nem forças pra reclamar. Sem contar que a médica estava fazendo um parto atrás do outro e não tinha tempo para me atender exclusivamente.
Demorou pra colocarem o soro, eu pedi pra levantar e não me deixaram, então pedi para ir no banheiro, pq não agüentava ficar na maca com dor, queria andar um pouco, enrolei no banheiro, lavei o rosto, fix xixi e voltei, depois me colocaram no soro, estava indo bem, as dores vinham fortes, mas suportáveis. As auxiliares de enfermagem uns amores, teve uma que até me fez massagem nas costas.
Depois de um tempo a médica voltou, fez novo toque e eu estava com 8 dedos, disse que me levaria para a sala de parto, mas depois ela examinou outra moça que estava com 9 dedos, e tive que esperar. A médica levou a outra paciente e pediu para aumentar meu soro que eu seria a próxima.
A partir daqui a coisa ficou feia...
Olha, aquela história de que a ocitocina piora a dor é muito verdade, estava indo muito bem até a hora que a médica pediu para aumentar o soro (estava em 1 e ela disse que tava muito baixo e pediu pra por em 5!), a dor vinha muito forte e não passava mais, ficava forte e mais forte, não tinha nem reação naquela maca, eu ficava quieta de ladinho, nem disposição pra me mexer eu tinha.
(Pausa para um comentário: Mesmo assim, lembrando da dor, eu faria tudo de novo, valeu muito a pena!)
Aí já estava chutando o balde, pedi a anestesia, e descobri que poderia tomar desde os 5 dedos de dilatação, só que não tinha centro cirúrgico disponível, e não poderiam aplicar na sala de pré-parto, conclusão, tinha que esperar minha vez mesmo.
Escutei o choro do neném da minha colega que passou na frente, fiquei mais aliviada, estava chegando a minha hora, mas os minutos se arrastavam e nada de virem me pegar, já não estava mais agüentando e pedi pra ir ao banheiro, queria levantar fazer alguma coisa pra melhorar a dor, então pedi para ir no banheiro, aí veio a enfermeira com aquela cara de assustada: “Você quer fazer o quê? Não e cocô é?”, na hora lembrei que quando o neném está nascendo a gente sente vontade de fazer cocô, e respondi um sonoro “Sim!”, mas era mentira, eu queria mesmo era sair dalí... Em dois minutos todo mundo se mobilizou e eu fui pra sala de parto, as 9:55. Estava com 9 dedos e meio
Mais aliviada, mas não com menos dor, fiquei esperando o anestesista que não aparecia, depois de um tempo ele chegou, pediu para eu sentar e ficar com as pernas retas na maca (juro que pensei que não fosse possível, mas deu certo), tomei a anestesia que não senti absolutamente nada, 10:10 deitei e ainda senti contração, fiquei assustada e o médico disse que era normal, que ainda iria sentir umas duas.
Meu marido entrou na sala, e vê-lo foi tão bom, não me senti mais sozinha, parecia que a partir daquele momento eu estava segura, que tudo ia dar certo. Ele ficou do meu lado o tempo todo, e viu tudo também. A médica me falava quando vinham as contrações, pq eu não senti mais dor nenhuma (foi um alívio absurdo!), mas sentia as minhas pernas e podia me movimentar normal, só saiu a dor mesmo.
Na terceira contração saiu a cabeça e na quarta ela nasceu! A médica colocou ela em cima dos panos que estavam cobrindo as minhas pernas e eu pude sentir aquele serzinho chorando e tremendo os bracinhos e perninhas, aí eu chorei, chorei o choro mais diferente e emocionante da minha vida, inexplicável, parece que ali, e só ali eu tive a certeza de que tinha gerado uma vida, minha vida, fruto de um amor, pedacinho de nós dois... Ela foi enrolada e trouxeram pra perto do meu rosto e do meu marido, cheirando sangue, toda sujinha, a cara mais linda do mundo, eu beijei, meu marido também, e ela foi levada pro berçário.
Aí fiquei sossegada, esperei terminar os procedimentos, limparam a sala, me levaram para o pós-parto e quase 13:30 fui para o quarto, e mais ou menos 14:30 minha filha chegou, linda e perfumada. Aquela boquinha toda pequena pegou meu seio e mamou, sem dificuldade nenhuma e depois dormiu.

Nascimento da Milena:

Local: Hospital Santa Helena
Parto: Normal hospitalar
Data: 17/10/2010 (domingo)
Hora: 10h 29min
Idade Gestacional: 39sem e 6 dias (completaria 40 na segunda-feira) (pelo 1º ultrasson)
Peso: 3.075 kg
Altura: 48,5 cm
Apgar: 9/10

 FOI TUDO LINDO!!!